Eu me vejo de cabelos brancos,sentadinha em uma cadeira em movimento vem-e-vai e sobretudo,escrevendo.


(Ana Stefana Lisboa)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A pressa

Talvez eu tenha me precipitado um pouco.Tenho sentido falta de alguém que possua os mesmos objetivos que eu.Que ache graça nos meus textos.Que ria desses meus medos.Que me aceite exatamente assim.Às vezes engraçada.Às vezes cansada.É necessário que alguém chegue.Que me apresente às coisas bonitas.Que me telefone com um simples bom dia.Que me faça mudar completamente de opinião.Que faça meu corpo querer companhia nos momentos em que minha mente insiste pela solidão.Quero o muito.O muito amor.O muito carinho.A muita companhia.Não quero desfilar de carros potentes e nem com abdômens definidos.Quero o simples e o exagerado.Quero a fartura. Aquelas conversas boas.Porém,é preciso compreender que há tempo para todas as coisas.E é isso que me enlouquece.Esperar.




"Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia - eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal -, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas." ( CFA)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O cansaço de um mestre

"E hoje eu percebi que
em quase tudo eu vejo um
texto.Faço a junção com
palavras e emoções
meramente reflectivos[..]"
Foi quando aquele professor,ou melhor,O Mestre graduado em Letras,reconhecido profissionalmente e recuperando-se de um pós-operatório,entra em minha sala empurrando seu corpo graças as suas últimas energias de vida.Em silêncio,direciona-se ao tablado com um andar cansado com cerca de cinquenta e tantos anos;ele explica a sua demora.Diabético e quase cego.Eu não consigo imaginar o que leva um educador a estar aqui em cacos,fazendo leituras com lupas,o porquê dele não estar repousando.Talvez eu esteja exagerando.Mas foi essa a mensagem que ele me passou:Um cansaço de vida.Me fazendo pensar como eu poderia estar com a sua idade aqui a algum tempo.Ele finaliza seus cinquenta minutos de aula com uma despedida conhecida por todos:"Bom dia para todos,ótimo fim de semana,saudades...";dando a entender que nos encerramentos de suas aulas,ele sempre pronuncia essa frase e logo após uma canção."E cadê a música?" - um aluno pergutou e com um suspiro fadigado meu educador responde:"Não,não existe mais música,meu amigo,agora é só decadência".Automaticamente,eu peço a Deus esse seu esforço acompanhado desse profissionalismo e competência desse Meu Mestre e imploro que esse seu cansaço físico e o desgosto pela vida não me alcance nos meus meados cinquenta e tantos anos.
“Viver agora é tarefa dura. De cada dia arrancar das coisas, com as unhas, uma modesta alegria; em cada noite descobrir um motivo razoável para acordar amanhã.”
(Caio Fernando Abreu - Caio 3d)

domingo, 8 de novembro de 2009

Show do Nando reis no Rio de Janeiro [ 07.11

E ontem,o Show do Nando reis caiu como uma luva.Eu precisava ver o Nando cantando aquelas perfeitas melodias.Em cada música,eu encontrava algum jeito de pensar nele.É complicado.Pensar em alguém distante.Sem mais nenhum traço amoroso.Sem porquês específicos.Eu só queria poder cantar pra alguém.Aqueles refrões.E confesso que chorei lembrando de nós.Quando o Nando cantou :"E agora como posso te perder?Se o teu corpo ainda guarda o meu prazer.E o meu corpo foi marcado pelo seu.Espero que o tempo passe.Espero que a semana acabe pra que eu posso te ver de novo.Espero que o tempo voe para que você retorne".Eu me senti sozinha.O que não é muito díficil quando o show tem como o alvo, o público comprometido.Onde cerca de 95% de pessoas estavam acompanhadas.Eu só queria poder ter o poder do Cazuza de inventar amores.Eu não sei o que e como se faz isso.Então eu passo minha noite de sábado cantando sozinha para alguém com o Nando servindo de testemunha.Que eu ando cansada.Que tenho sentido saudades.Mas que no fundo eu queria que desse certo.Que desse muito certo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Dia-a-dia

Daqui a alguns minutos.Serão doze horas longe de casa.Longe da minha cama tentadora.Hoje acordei às 06:10 ( e atrasada por sinal).Depois de adiantar o despertador três vezes.Ai sim a consciência foi pro banho carregando meu corpo.Com aquela água fria dizendopra mim :"Acorda,mulher!".Logo mais preparo um café ( meu combustível para o dia).Entro na escola às 7 da manhã e vou até 12:30.Entre cochilos e despertos.Almoço uma comida qualquer.E "vamo si bora" estudar novamente.Um gole de café.E a batalha agora é de 13:00 às 18:00.Com um intervalo de meia horinha.Para comer uma das refeições que me engordar uns 5 kilos em uma única mordida.Me despeço dos livros.E sigo.Deparo com Aquele Calor de meio- dia.Estamos em horário de verão.Até hoje não sei o porquê disso.Mas vendo o lado positivo - o dia parece durar mais.Os únicos assuntos entre as pessoas são o calor e o trânsito de sete cabeças.Tudo parado.Horário de pico.Todo mundo saindo do trabalho.O "adorável" calor de 45°.Pego a condução.Não há lugar.Encosto a mochila que pesa 25 tonelas no chão.E inclinominha cabeça.E penso em escrever.Monto os parágrafos.E repenso.E desejo.Que Papai do Céu esteja vendo meu esforço.Meu suor.Que ele me recompense de alguma forma.Um senhor levanta e me oferece seu assento.Concluo que Deus me recompensou.De alguma forma.Pude sentar.Descançar.E perceber que tudo na vida é preciso um esforço.Pra passar no vestibular esse ano em uma das carreiras mais concorridas.Eu enfrento quarenta vezes o trânsito do Rio de Janeiro somo com o de São Paulo.Aguento calor de 70°.Estudo sessenta horas por dia (se for preciso).E tenho fé.O que é fundamental.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Cadê o amor?

Eu sei que ando cansada.Ahh é tanta coisa.Pra ser vista.Sentida.É tanto amor falso.E eu tenho tanto medo.Tanto medo de um dia me deparar com um desses.De me enganarem.É tanto amor declarado.Tanto fingimento.Por toda parte.É gente casada.É gente comprometida.Namorando.Noivando.Eu começo a ter a impressão de que todo mundo é assim.Que traição é algo tão normal.E como diz Caio:"Que eu não perca a capacidade de amar".Eu sinto que estou perdendo.Aos poucos.E é por isso que eu tenho andado sozinha.Sem raízes.Sem nenhum amor(falso).Eu nem sei mais se existe amor.Se ainda existe aquele casal apaixonado.Que pensam em se casar.Ter família.Manter a fidelidade.Amar de verdade.Existe ainda essa raridade?